Pare por um instante.
À noite, de madrugada.
Pare por cada canto de sua casa, em silêncio, quando todos os teus entes já estão em profundo sono. Recoste teu corpo, suavemente, sobre algum móvel e observe atentamente o ambiente que lhe cerca... os pequenos detalhes da cerâmica, o relógio na parede; vagueie solitário por cozinha, sala, corredores e permita pausar teu movimento e percorrer teus olhos lentamente para que estes auxiliem tua audição a escutar os ecos do findado dia, das vozes familiares que te procuraram, interpelaram ou apenas conversaram com você pela manhã ao café, a tarde no almoço, ou recolhidos no sofá, à noite, frente a TV. Puxe os acontecimentos felizes e tristes, e viaje alguns anos no passado, colhendo estes fatos com a ajuda das paredes. Reflita sobre tua conduta e atuação diante de cada um destes momentos.
Perceba a casa agitada agora vazia. Procure, então, com cuidado, ir ao encontro de teus pais, irmãos, esposa ou filhos. Deixe que uma pequena fresta de luz ilumine o rosto descansado. Observe o semblante tranquilo de teus parentes. Lembre, agora, das palavras por estas bocas proferidas e o que os ouvidos deles tiveram que ouvir de ti. Observe suas mãos e as deles: o que vocês tem construído juntos?
Neste exato momento, os ame acima de tudo e abaixo de Deus, que lhe trará reflexões salutares. Chore se preciso for e recolha-se em teus aposentos... mas não fique deprimido. Você terá um amanhã para um abraço, para um beijo, para uma palavra de carinho, para uma nova postura.
Lembre-se da casa vazia neste momento, e alegre-se por ela ainda estar cheia.
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