Houve um tempo em que as crianças eram crianças. Mãos sujas, grudentas de doce, suadas com o cheiro da infância. Meu pequeno Lucas é assim, e assim será até o alvorecer da maturidade. Ao levá-lo ao Shopping, em um final de semana desses para conhecer o cinema, deparo-me com onzes, dozes e trezes de linguajares pesados, com ultrajes a rigor, pó no rosto e ipod na mão. Como pode? Celular tocando, namorando, plugados na era do último avanço da tecnologia que faz um upgrade na criança transformando-a num adulto. - Gente: quero ser grande!
Ouve o tempo que nos alerta sobre o futuro de nossos filhos. Esses jovens elegerão presidentes, formarão opiniões, influenciarão na economia, política... auxiliarão nossos passos na senectude? Detentos domésticos, andarilhos de creches e colégios, saudosos dos pais, eis que encontram o seio de um USB para os acalentar. Será que eles já brincaram de pega-pega, esconde-esconde ou queimada? Será que conheceram as maravilhas de um pião, o brilho das bolinhas de gude ou o prazer de voar em uma pipa? E as corridas de bicicleta, o futebol com os amigos debaixo de chuva ou até mesmo um passeio no parque com papai e mamãe. - Gente: quero ser pequeno! Mesmo com os joelhos ralados...